Como já disse antes, planejo e sonho com esta viagem desde o ano de 2001. Já foi adiada por causa de uma parada de produção na unidade em que eu trabalhava... depois pelo projeto P-43... pelo filho que nascera. Agora, decisão tomada, intenções reavivadas e um pensamento fixo: REALIZAR.
Nas rodas de amigo ainda surge muita incredulidade... desconfiam de que a "viagem" não vai acontecer. É possível, mas definitivamente estamos determinados a partir e isso é o mais importante. Alguns amigos entretanto, antes descrentes de tudo, já começam a pensar na possibilidade de "ficarem prá trás" e isso os tem despertado.Hoje ainda somos apenas dois confirmados: eu e Romolo. Ou melhor: somos cinco. Eu e minha esposa de moto, e Romolo com esposa e filha, de carro.
Definição do grupo:
Mestre Grima: tá enamorado com a expedição... torço prá que ele estufe logo o peito e diga: "vou"! (se for, vai de carro com a esposa, mas pensa em levar a motoka prá dar "umas voltas")
José Carlos: este está sempre com o peito estufado dizendo: "claro que vou", mas... rsrsrs. (se for, vai de carro com a esposa)
José Valdir: ainda tenho que falar com ele sobre o andamento das coisas... vamos ver como vai se posicionar. Mas pelo menos o churrasco em Maringá já faz parte do roteiro. (se for, vai de carro com a esposa e filha, mas tá louco prá levar também uma moto)
João Vieira: ele estava decidido a fazer esta viagem mas não tem demonstrado muita animação... vamos lá Vieira, ânimo!!! (se for, vai de moto)
Raphael: comprou agora um apê e está descapitalizado. Ô Raphael, tá todo mundo assim também... junta aí uma mereca e "vaunsimbora". (se for, vai de moto)
Hugo: o cara foi o último a chegar mas veio com gás... nos animou mais e acabou contagiado também. (se for, vai de carro com a esposa)
Sei que tantas coisas podem nos levar a querer e não poder, e nos momentos mais diversos. Por isso tenho consciência de que o grupo só vai mesmo ser definido na reta final. Fico na expectativa e torcendo prá que estes colegas possam participar conosco. Se eu pudesse colocaria mais uma moto na estrada e levaria pelo menos uma de meus filhos... quem sabe numa próxima?
Estamos acertando algumas premissas para a viagem para que tudo transcorra da melhor forma possível:
- Sair sempre o mais cedo possível (sem atrasos) para podermos rodar a média de 500 a 600 km chegando ainda no meio da tarde ao destino. Penso em algo como 07:30h.
- Não pilotar/dirigir à noite de forma alguma, exceto se em algum momento isso for absolutamente indispensável
- Caso algum de nós tenha algum contratempo na viagem e tenha que voltar antes, não deve haver qualquer constrangimento da parte do(s) outro(s) em prosseguirem a viagem.
- Não haverá compromisso de comer nos mesmos lugares, de dormir nos mesmos hotéis, nem mesmo de realizarmos os mesmos passeios. A idéia é não desenvolver qualquer tipo de animosidade causado por divergências desta natureza, e permitir que todos se sintam a vontade prá fazer o que lhes causar mais satisfação. Claro que quando os interesses coincidirem será ainda melhor.
Uma coisa que ainda precisamos conversar mais é sobre os interesses. O roteiro abaixo é proposta minha, prá ser avaliado pelos demais. O importante prá mim é curtir o caminho, não o destino. Meu objetivo é o trajeto, e dele fazem parte o Atacama, Machu Picchu, etc. Quero fincar bandeiras... "alcancei este lugar"!! Se for prá curtir bastante um lugar precisaríamos de mais de dois meses.
Lendo um blog na internet, de um camarada que saiu de Pernambuco para o Atacama, encontrei algumas coisas bem legais. Vejam este breve relato em sua saída:
"No final das contas, a verdade é mesmo o que todos dizem por aí. Os imprevistos é que fazem a viagem. O destino é a própria viagem. Não importa muito para onde você vai, nem como. Não importa se tudo saiu como planejado ou se você acabou indo na direção oposta. Talvez tenha até ficado parado. O importante é quem você conhece, para onde os caminhos errados te levam, o que se aprende, o que se esquece e o que se sente.
Se tudo deu certo, acabei de sair há alguns minutos rumo ao Atacama. Penso em ficar 42 dias na estrada, rodando mais de 17.000 km com minha moto.
Agora, onde a viagem realmente me levará? Ninguém sabe.
A moto vai quebrar 100m depois da saída? Vai ocorrer algum acidente? Vou me perder? Serei impedido de continuar a viagem por falta de algum documento? Uma guerra? Invasão alienígena? Ninguém sabe.
Serão os melhores momentos da minha vida? Vou finalmente compreender o sentido de tudo? Vou conhecer o lugar mais bonito do mundo? Ninguém sabe.
O mais maluco é que esse não saber é que é o mais gostoso…
Até mais!"Alguns relatos inspiradores, durante a aventura:
"... em vários momentos fiquei bastante emocionado dentro de meu capacete. Em outros momentos parece que falta o ar. Pensei que fosse efeito da altitude mas depois percebi que as vezes ficamos tão entretidos com alguma paisagem exuberante que simplesmente esquecemos de respirar...".
E uns trechos engraçados:
"...Nesta viagem nos vimos em vários lugares que nos deixavam sem palavras, como que suspensos no tempo. A primeira visão dos Andes, o banho no Pacífico e estar no meio do Atacama, só para dar alguns exemplos. O problema é que sempre – em algum momento – tínhamos que parar a contemplação e seguir a viagem. Se fôssemos mariquinhas, em uma dessas situações teríamos dito: “Que lugar fantástico. Pena que ficamos tão pouco tempo e já tenhamos que ir embora”. Além disso – se fôssemos mariquinhas -, no momento da despedida do local teríamos, talvez, até deixado correr uma lágrima. Mas como somos machos, toda vez que nos víamos na situação de ter que ir embora de um lugar que gostamos muito, dizíamos: “Vamos embora desta bosta!”. Pode não ser algo de classe para ser dito, mas é coisa de macho.
No sábado de manhã pegamos chuva na estrada. Tínhamos ainda 7 dias para chegar em Recife. Conheceríamos a Rio-Santos, o sul mineiro e pararíamos em alguma praia nordestina. Mas a saudade bateu mais forte. Olhamos um para o outro e falamos quase que em uníssono: “Vamos embora desta bosta!”..."
E prá encerrar, cito um trecho após a chegada:
"...Ficar 40 dias fazendo o que você mais gosta é de uma libertação quase que inexplicável. A vida fica extremamente simples. Você acorda e diz “oba, mais do mesmo!”. Quando acontece algum problema a sua mente se concentra apenas em como resolvê-lo para poder continuar a viagem. Nada de procurar culpados ou remoer os problemas. Quando você guarda a moto na garagem de algum hotel, vai dormir satisfeito da vida. Quero deixar essa experiência decantar em mim aos poucos. Quero que minha vida seja sempre assim, simples e com significado."
ROTEIRO:É bem provável que o roteiro sofra algumas alterações. Pensamos agora em ir pelo Atacama, passar por Machu Picchu e retornar pela Rodovia Interoceânica, entrando pelo Acre. Serão de 23 a 25 dias... 11.200 km. Quem se habilita? Deixaremos a região central da Argentina e Santiago (CH) para uma possível segunda edição da viagem, que poderia ser Expedição Patagônia, na qual faríamos este trecho descendo até a "Terra do Fogo", no extremo sul do continente, retornando pelo litoral argentino.